No mundo contemporâneo, marcado por pressões constantes, metas inalcançáveis e ritmos exaustivos, as doenças do trabalho — como o burnout, o estresse crônico e os transtornos de ansiedade — tornaram-se parte da paisagem emocional de muitos profissionais. Diante desse cenário, abordagens terapêuticas que considerem o ser humano em sua liberdade, responsabilidade e singularidade tornam-se fundamentais. É aqui que a psicoterapia existencial inspirada em Jean-Paul Sartre ganha força.
O Existencialismo é um Humanismo: A Base Filosófica
No livro O existencialismo é um humanismo, Sartre apresenta a essência de sua filosofia: “a existência precede a essência”. Isso significa que o ser humano não nasce com um propósito definido, mas constrói sua essência ao longo da vida, a partir de suas escolhas. Somos, portanto, condenados à liberdade — uma liberdade inevitável que implica responsabilidade total sobre aquilo que fazemos de nós mesmos.
Essa concepção tem implicações profundas quando trazida para o contexto da psicoterapia e, mais especificamente, para os sofrimentos gerados no ambiente de trabalho.
Muitos quadros de sofrimento psíquico relacionados ao trabalho nascem da vivência de impotência, da pressão por produtividade, do medo constante de fracassar e de uma identidade diluída nos papéis profissionais. O sujeito se percebe como uma peça substituível, um "meio para fins" que não são seus. Essa alienação gera adoecimento.
Na perspectiva sartreana, isso é o oposto da liberdade autêntica. O sujeito adoece justamente quando deixa de ser autor de sua existência, quando se identifica apenas com o que o outro espera que ele seja o "para-outro" e não com o que escolhe ser.
A psicoterapia existencial não busca rotular o sujeito nem oferecer respostas prontas. Seu foco está em ajudar a pessoa a se reconectar com sua liberdade de escolha, ainda que em contextos adversos. Sartre nos lembra que somos o que fazemos com o que fizeram de nós. Ou seja, mesmo diante das condições mais limitantes, há um espaço de ação, de reinvenção.
No consultório, o psicoterapeuta existencial:
- Ajuda o paciente a reconhecer seus condicionamentos sociais e profissionais, sem reduzi-lo a eles;
- Estimula a reflexão sobre suas escolhas e sobre as consequências de manter determinados caminhos;
- Convida o sujeito a tomar a vida como um projeto em aberto, passível de mudanças;
Trabalha o sentimento de responsabilidade não como culpa, mas como potência criadora.
Em tempos de doenças do trabalho, pensar com Sartre é oferecer ao sujeito mais do que alívio sintomático é abrir espaço para que ele reaprenda a ser autor da própria vida. A psicoterapia existencial não nega o sofrimento, mas o ressignifica como ponto de partida para um agir mais consciente, mais livre e mais fiel a si mesmo.
Se desejar iniciar o processo psicoterapêutico por meio da abordagem existencial, estou aqui para te guiar! 🌻
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